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Gasoduto Subida da Serra e segurança em áreas de forte inclinação

Gasoduto Subida da Serra e segurança em áreas de forte inclinação, aponta Paulo Roberto Gomes Fernandes ao destacar soluções para reduzir riscos operacionais.Gasoduto Subida da Serra e segurança em áreas de forte inclinação, aponta Paulo Roberto Gomes Fernandes ao destacar soluções para reduzir riscos operacionais.

Paulo Roberto Gomes Fernandes evidencia que a discussão sobre o Gasoduto Subida da Serra, em São Paulo, não se limita à disputa regulatória entre órgãos públicos e empresas. Em jogo está a viabilidade de construir um trecho de duto em terreno muito inclinado, com impactos diretos sobre a segurança de trabalhadores, comunidades vizinhas e do meio ambiente. Durante audiência pública promovida pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis em setembro de 2023, a Liderroll buscou justamente recolocar o foco nesse ponto, destacando que a escolha dos métodos construtivos é decisiva para o sucesso do empreendimento.

Por que o trecho é considerado de alto risco

Na audiência virtual da ANP, Paulo Roberto Gomes Fernandes, presidente da Liderroll, chamou atenção para o trecho de aproximadamente 1,3 quilômetro responsável pela subida da serra. A inclinação estimada entre 35 e 40 graus é incomum em projetos de gasodutos no Brasil, o que eleva o nível de complexidade de planejamento, execução e monitoramento da obra. Em um cenário com relevo tão acentuado, a simples adoção de práticas tradicionais tende a aumentar de forma importante o risco de acidentes.

O chamado Trecho 3 pode parecer simples em desenhos e mapas, mas se revela altamente desafiador quando se observa o conjunto de fatores envolvidos, como estabilidade do solo, escoamento superficial de água, proximidade de áreas sensíveis e exposição de trabalhadores em encostas. Em projetos mais antigos, a ausência de normas rigorosas de segurança do trabalho e de tecnologias específicas levava à execução de operações em condições hoje consideradas inadequadas. Por isso, Paulo Roberto Gomes Fernandes frisa que o debate regulatório só é completo quando inclui a discussão detalhada sobre como o duto será construído na prática.

Metodologia da Liderroll para reduzir riscos na construção

Para enfrentar esses desafios, a Liderroll apresentou uma metodologia que combina estruturas treliçadas modulares e roletes motorizados. Em vez de distribuir equipes ao longo das encostas para puxar e posicionar tubos, a proposta é realizar o lançamento da tubulação a partir do pé da montanha, com o apoio dessa estrutura. Assim, reduz-se a necessidade de permanência de trabalhadores justamente nas áreas mais vulneráveis do terreno.

Esse arranjo permite maior controle sobre o deslocamento do duto durante o lançamento, o que diminui a probabilidade de esforços improvisados ou manobras arriscadas com equipamentos pesados. A metodologia contribui também para a qualidade das soldas e para a integridade da tubulação, já que o movimento do duto se torna mais previsível e uniforme. Paulo Roberto Gomes Fernandes destaca que essa abordagem tecnológica se alinha às exigências atuais de segurança, sem perder de vista a eficiência operacional da obra.

Para Paulo Roberto Gomes Fernandes, a construção do Subida da Serra exige tecnologias específicas que garantem estabilidade e segurança em terrenos íngremes.
Para Paulo Roberto Gomes Fernandes, a construção do Subida da Serra exige tecnologias específicas que garantem estabilidade e segurança em terrenos íngremes.

Outro ponto relevante é a dimensão da faixa de domínio necessária para instalar a estrutura proposta. A solução da Liderroll utiliza uma largura aproximada de 1,4 metro, bem inferior àquela exigida em métodos convencionais, que podem ultrapassar 15 metros. Na prática, isso significa menor supressão de vegetação, redução de movimentação de terra e impacto ambiental mais contido, aspectos fundamentais em áreas de maior sensibilidade ecológica.

Benefícios adicionais na fase de inspeção e operação do gasoduto

A metodologia apresentada não se limita à etapa de construção. As treliças projetadas pela empresa contam com um sistema de cremalheiras, por onde circula um equipamento de inspeção integrado à estrutura, um tipo de stroller projetado para acompanhar o duto instalado.

Na prática, a solução facilita o acesso para verificar a integridade da tubulação, identificar eventuais anomalias e executar intervenções planejadas, sem recriar os riscos característicos de encostas íngremes. Para Paulo Roberto Gomes Fernandes, esse olhar abrangente, que considera simultaneamente a fase de construção e a fase operacional, é essencial para que o Gasoduto Subida da Serra seja visto como um projeto de longo prazo, com segurança incorporada desde a origem.

Audiência pública, transparência e debate regulatório

Além da discussão técnica, a audiência pública promovida pela ANP tinha como objetivo colher contribuições sobre a proposta de acordo regulatório envolvendo a classificação do gasoduto. Em 2021, a diretoria colegiada da agência havia enquadrado o projeto como gasoduto de transporte, posição que diverge do entendimento da Arsesp e da Comgás, que defendem a classificação como instalação de distribuição.

A minuta de acordo elaborada pela ANP estabelece condições para que o projeto seja tratado como gasoduto de distribuição, entre elas a destinação exclusiva a consumidores finais da Comgás, a ausência de conexão com unidades de processamento de gás natural ou outras redes de transporte e a vedação de entrega de gás a outras concessionárias. Se essas exigências forem cumpridas, a operação do Gasoduto Subida da Serra se daria em conformidade com a legislação aplicável, reduzindo incertezas jurídicas para futuros investimentos no setor.

Durante a audiência, porém, o material audiovisual preparado pela Liderroll, que detalhava a metodologia proposta e seus efeitos sobre a segurança, não chegou a ser exibido por falha técnica. Houve questionamentos posteriores sobre a validade do encontro, já que parte das imagens e vídeos não foi projetada, o que poderia limitar a compreensão dos participantes sobre os riscos e soluções apresentadas. A ANP, em resposta, afirmou que todos os expositores tiveram oportunidade de se manifestar e que contribuições adicionais poderiam ser enviadas por escrito nos dias subsequentes para o endereço eletrônico informado ao público.

Autor: Calvin Carter

Calvin Carter
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