segunda-feira, dezembro 2, 2024
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Neurociência: É possível ser feliz quando chegamos na velhice? 

Nuno CoelhoNuno Coelho

Segundo o board member Nuno Coelho, a busca pela felicidade é uma constante na vida humana, mas a percepção do que nos faz felizes pode se transformar com o passar dos anos. O envelhecimento é um processo natural e inevitável que traz consigo mudanças físicas, cognitivas e emocionais. Porém, será que é possível manter a felicidade ao longo da vida, mesmo em idades avançadas? 

A seguir, saiba como a neurociência tem se dedicado a investigar como o cérebro responde ao envelhecimento e de que forma essas alterações influenciam nossa percepção de bem-estar. 

Quais são as alterações cerebrais relacionadas ao envelhecimento e como influenciam a felicidade?

Com o avanço da idade, o cérebro passa por mudanças estruturais e funcionais, como a redução do volume em áreas como o hipocampo e o córtex pré-frontal, responsáveis por processos de memória, tomada de decisão e regulação emocional. Essas mudanças podem afetar a capacidade de manter o bem-estar, influenciando a maneira como reagimos às emoções. Entretanto, o cérebro possui mecanismos de adaptação que permitem a manutenção da qualidade de vida emocional, mesmo com essas transformações.

Além das alterações físicas, o cérebro de pessoas mais velhas parece desenvolver uma preferência natural por estímulos positivos, um fenômeno conhecido como “paradoxo da felicidade”. Conforme o especialista Nuno Coelho explica, enquanto pessoas mais jovens tendem a se concentrar em problemas e desafios, indivíduos mais velhos demonstram uma tendência maior a focar em aspectos positivos, aproveitando melhor momentos simples do cotidiano.

Como os neurotransmissores e hormônios afetam a sensação de bem-estar em idades avançadas?

Os neurotransmissores desempenham um papel fundamental na regulação das emoções. A dopamina, por exemplo, está associada à motivação e ao prazer, mas sua produção tende a diminuir com a idade. Apesar disso, o cérebro encontra formas de compensar essa redução, ajustando outras áreas responsáveis pelo prazer e pela recompensa. A serotonina, relacionada ao controle do humor, também é afetada pelo envelhecimento. Compreender esses processos é fundamental para desenvolver estratégias de promoção do bem-estar.

Hormônios como a ocitocina, conhecida como “hormônio do amor”, também têm um impacto importante. A ocitocina promove a sensação de conexão e apoio social, e em idades avançadas, quando as conexões sociais se tornam ainda mais valorizadas, sua liberação pode ser um grande aliado para a felicidade. Como Nuno Coelho frisa, atividades que estimulam o contato social, como grupos de apoio e convivência familiar, aumentam os níveis de ocitocina e, consequentemente, promovem o bem-estar emocional em idosos.

Como a resiliência e a adaptabilidade cerebral contribuem para a felicidade ao envelhecer?

A capacidade do cérebro de se adaptar a mudanças e resistir ao estresse é conhecida como resiliência cerebral, e ela desempenha um papel importante na manutenção da felicidade com o passar dos anos. Nuno Coelho destaca que pessoas que demonstram maior resiliência são capazes de lidar melhor com adversidades, como problemas de saúde e perdas sociais, comuns durante o envelhecimento. Além disso, a resiliência cerebral está associada a um menor risco de desenvolver condições como ansiedade e depressão.

A adaptabilidade, ou neuroplasticidade, é outra ferramenta poderosa na busca pela felicidade. Ao contrário do que se acreditava, o cérebro continua a criar novas conexões neurais ao longo da vida, permitindo que ele se ajuste às novas circunstâncias e desafios da velhice. Exercícios cognitivos e estímulos sociais contribuem para essa plasticidade, permitindo que a mente idosa permaneça ativa e saudável, um fator essencial para preservar o sentimento de bem-estar e realização.

Conclui-se assim que a felicidade na terceira idade é uma combinação de fatores neurocientíficos, sociais e emocionais. Como o conselheiro Nuno Coelho frisa, compreender como o cérebro responde ao envelhecimento, desde a ação de neurotransmissores e hormônios até a importância da resiliência e da neuroplasticidade, oferece uma visão ampla sobre as possibilidades de manter a felicidade ao longo da vida. Embora o envelhecimento traga desafios, a neurociência revela que a felicidade continua a ser uma meta alcançável.

Calvin Carter
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