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Secretaria de Trânsito de Goiânia amplia estrutura e gera custo anual de R$ 400 mil com novas comissões

A Secretaria Municipal de Trânsito de Goiânia decidiu ampliar sua estrutura administrativa ao criar duas novas Comissões de Análise de Defesa Prévia, conhecidas como CADEPs, que terão impacto direto no volume de processos analisados e também no orçamento público. A medida, aprovada recentemente pelo Comitê de Controle de Gastos, representa um custo estimado em quase 400 mil reais anuais, distribuídos entre 2025 e 2027. A decisão reforça a intenção da pasta de agilizar o julgamento dos recursos apresentados por condutores multados, mas também levanta questionamentos sobre o uso político e financeiro dessa ampliação.

Atualmente, as sessões das CADEPs realizam a análise de até 12 processos por reunião, porém com a criação das novas comissões, esse número deverá mais que dobrar, passando para até 25 processos por sessão. A justificativa oficial aponta para a necessidade de reduzir a fila de recursos e otimizar a tramitação administrativa. No entanto, o aumento do volume de processos está diretamente ligado ao crescimento da estrutura, que implica em maiores gastos mensais e anuais para a Secretaria de Trânsito, especialmente em um momento delicado em que a gestão pública busca equilibrar as contas.

A expansão da estrutura da Secretaria de Trânsito, comandada por Tarcísio Abreu, não ocorreu sem controvérsias. O gestor tem sido alvo de críticas internas e externas, principalmente devido a sua rotina de viagens e a dificuldades em atender demandas internas dos servidores da pasta. Além disso, o presidente da Câmara Municipal, Romário Policarpo, questionou a atuação da Secretaria na aplicação de multas, apontando irregularidades em alguns processos. Essas críticas contribuem para um cenário de desconfiança sobre a eficiência e a transparência da ampliação das comissões.

Outro ponto sensível refere-se ao uso político das CADEPs. A criação dessas comissões tem sido associada à nomeação de aliados políticos do prefeito Sandro Mabel, eleito sob discurso de austeridade fiscal, mas que tem utilizado a estrutura para abrigar pessoas ligadas a vereadores, ex-assessores e familiares de políticos. Cada integrante das comissões recebe um jeton mensal que ultrapassa cinco mil reais, elevando ainda mais o custo para os cofres públicos. Esse tipo de nomeação reforça o debate sobre o clientelismo e o uso político das estruturas administrativas na cidade.

Além da ampliação das CADEPs, o Comitê de Controle de Gastos aprovou outros contratos importantes para a Secretaria de Trânsito, incluindo aditivos para serviços postais, que envolvem a continuidade do envio de multas e comunicados, com investimento superior a seis milhões de reais. Também foi autorizada a prorrogação do contrato com o SERPRO, responsável pelo sistema de gestão de infrações, com custo que ultrapassa sete milhões. Essas despesas reforçam a importância do setor na gestão do trânsito, mas também geram questionamentos sobre a eficiência dos gastos públicos.

No âmbito municipal, outros setores também receberam autorização para investimentos significativos. Na área da Saúde, foram aprovadas compras e contratos que somam quase 27 milhões de reais, abrangendo medicamentos, insumos hospitalares e serviços essenciais, como controle de pragas. A Secretaria de Fazenda e a Guarda Civil Metropolitana também tiveram despesas autorizadas, mostrando a amplitude dos investimentos públicos recentes na capital goiana. Esse contexto demonstra a complexidade da gestão orçamentária na cidade.

A decisão de ampliar as comissões de defesa prévia em Goiânia, somada aos demais gastos aprovados, mostra um quadro de aumento das despesas administrativas, em um cenário onde a austeridade fiscal é exigida pela população e por setores da política local. A falta de respostas da Secretaria de Trânsito diante de questionamentos da imprensa reforça o clima de desconfiança e instiga a necessidade de maior transparência nas decisões que impactam diretamente a máquina pública e os recursos públicos.

Em resumo, a ampliação da estrutura da Secretaria de Trânsito de Goiânia com a criação de novas CADEPs revela um cenário que mistura eficiência administrativa, política e controvérsias financeiras. O custo anual próximo a 400 mil reais para essas comissões deve ser monitorado de perto, assim como a origem das nomeações e a qualidade da prestação de serviços à população. O equilíbrio entre agilidade nos processos e responsabilidade fiscal será o desafio para a gestão pública daqui para frente, enquanto a cidade observa atentamente o uso do dinheiro público.

Autor: Calvin Carter

Calvin Carter
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